O que trago hoje é mais uma provocação do que um conteúdo onde você encontrará respostas prontas. É sobre a tendência, principalmente do ocidental, de separar o lado físico do mental no ser humano, valorizando mais este segundo.
O que pude observar nos anos em que morei no Japão, é que os profissionais de trabalhos braçais, como pedreiros por exemplo, são bem remunerados. A justificativa é que eles executam tarefas que exigem grande esforço, e este esforço deve ser recompensado.
Comecei a pensar mais sobre esta tendência que temos de valorizar mais o lado intelectual quando assisti a um webnário do professor doutor André Saito sobre Gestão do Conhecimento. Lá, ele relata que, durante uma apresentação em seu doutorado, que estava sendo cursado no Japão, ele se referiu ao trabalho braçal de uma forma que dava a entender que este fosse inferior ao trabalho intelectual. Nisso, seu orientador o questionou sobre o porquê de ele ter esta visão sobre o trabalho físico.
Para dr. Saito, este questionamento o ajudou a ampliar sua visão sobre este tema.
Segundo a pesquisa do psicólogo e pesquisador da universidade de Harvard Howard Gardner, o grau de inteligência de uma pessoa não pode ser definido apenas por um teste de QI. Howard sugere que existam múltiplas inteligências, o que explica a facilidade que umas pessoas têm com números, enquanto outras com línguas, e outras ainda na forma de movimentarem o corpo, possuindo mais coordenação motora.
Segundo ele, são nove os tipos de inteligência:
- Lógico-matemática;
- Linguística;
- Musical;
- Espacial;
- Corporal-cinestésica;
- Intrapessoal;
- Interpessoal;
- Naturalista;
O processo de desenvolvimento dessas inteligências depende tanto do corpo quanto da mente, não sendo possível isolar um do outro. Por exemplo, quando utilizamos os dedos para fazer contas, corpo e mente estão trabalhando em conjunto para encontrar uma resposta, que é vista como puramente intelectual.
Existe outra teoria, chamada Cognição Incorporada, que trata justamente disto. Ela estuda o papel do corpo no processo de cognição, como no exemplo citado acima. Você pode encontrar mais informações sobre a Cognição Incorporada aqui.
O fato é que a teoria da Cognição Incorporada poderia ser aplicada a todos os tipos de inteligência mencionados na teoria das Inteligências Múltiplas. Ou seja, corpo e mente são muito importantes no processo de aprendizagem.
Nas artes marciais e yoga, o corpo e a mente são trabalhados de forma integral, não havendo uma separação em técnicas puramente físicas e outras puramente mentais.
Apesar disso, tendemos a valorizar muito mais o trabalho intelectual, dando menos importância para o corpo, e nos esquecendo da velha frase do poeta romano Juvenal: “Uma mente sã num corpo são”.
Posto tudo isso, pergunto: O trabalho intelectual é realmente mais importante do que o braçal? E por que será que existe a tendência de tratarmos corpo e mente de forma separada, sendo isso ainda mais comum nos países do ocidente? Qual é a sua opinião sobre o tema?
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