A invasão russa no karate kyokushin

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em julho 2, 2021

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A invasão russa no karate kyokushin

Em novembro de 1999, Alexander Pichkunov se tornou o primeiro lutador russo a se classificar entre os oito melhores atletas em um mundial de kyokushin.

Aos 19 anos de idade, e ainda na faixa marrom, Pichkounov conseguiu o feito inédito vencendo no caminho nomes como Tariel Bitsadze, Yoshihiro Tamura e Nicholas Pettas.

Sua conquista inédita marcou o início da invasão russa no karate kyokushin.

A partir deste evento, a Rússia sempre conta com representantes classificados entre os primeiros lugares do campeonato mundial.

O início da invasão

Logo após a conquista de Pichkunov, começaram a surgir os primeiros lutadores que apresentavam o mesmo nível físico e técnico que ele.

Em 2001, Sergei Osipov defende seu título de campeão do Russian Open, fazendo a final contra o brasileiro Fabiano da Costa. Antes da final, Osipov vence todas as lutas por ippon, graças a seus poderosos socos na região do tronco.

Neste mesmo evento, Alexander Pichkunov conquista o título de campeão na categoria pesado, enfrentando o brasileiro Sergio da Costa.

Alguns meses depois é realizado o campeonato mundial por categoria de peso. Osipov conquista o vice-campeonato na categoria meio pesado, e Pichkunov o quarto lugar na categoria pesado.

Porém, neste evento surge mais uma potência russa, Sergei Plekhanov, que conquista o terceiro lugar na categoria pesado, perdendo a semifinal para Kazumi Hajime, e vencendo o compatriota Pichkunov na decisão pelo terceiro lugar.

Surge Lechi Kurbanov

Como se já não bastassem estes três nomes de peso, que a essa altura já haviam se tornado fortes candidatos ao título do mundial aberto seguinte, em 2002 surge mais um poderoso atleta chamado Lechi Kurbanov.

Lechi inicia o ano de 2002 participando do Russian Open, perdendo a final para Sergei Osipov.

No mesmo ano, torna-se o primeiro não japonês a vencer o campeonato japonês por categoria de peso, na categoria pesado.

Alguns meses depois, ainda no mesmo ano, se torna vice-campeão do All American Open, fazendo a final comigo. Fez parte ainda da equipe russa vice-campeã da Copa do Mundo de Karate Kyokushin, também realizada em 2002.

Estava completo o esquadrão russo que buscaria o título mundial em 2003.

Meus encontros com os russos

O início da minha carreira internacional como atleta de kyokushin coincidiu com a invasão russa. Por isso, em todos os grandes campeonatos em que eu participava, era certo que eu enfrentaria algum russo.

A primeira vez foi em 2002, lutando com Sergei Osipov na final do International Kyokushin Challenge, em Paris. O primeiro tempo da luta foi considerado empate, porém, na primeira extensão acabei perdendo por ippon.

No mesmo ano, enfrentei Lechi Kurbanov na final do All American, vencendo por decisão dos juízes, e Sergei Plekhanov na final da Copa do Mundo, luta que terminou em empate.

Em 2003 enfrentei novamente Sergei Osipov, agora na final do All American Open. Desta vez venci por decisão dos juízes.

Este é o lutador que eu considero o mais duro que já enfrentei em minha carreira, incluindo lutas de kickboxing e MMA.

O mundial aberto de 2003

Ao contrário do que ocorreu em 1999, Alexander Pichkunov não conseguiu se classificar entre os oito melhores atletas no mundial de 2003.

Acabou sendo vencido pelo atleta japonês Hiroyuki Kidachi por decisão dos juízes. Caso tivesse vencido, eu teria sido seu oponente da próxima rodada.

Porém, todos os outros principais atletas da equipe russa conseguiram se classificar.

Sergei Osipov ficou em sétimo lugar, Lechi Kurbanov em quinto, e Sergei Plekhanov foi vice-campeão.

Acabei ficando em terceiro lugar nesta edição do mundial.

Enfrentando três russos no mundial de 2005

Conforme o tempo passava, a equipe russa crescia tanto em quantidade quanto em qualidade dos atletas.

No mundial por categoria de peso de 2005, precisei passar por Mikhail Kozlov, Alexander Pichkunov e Lechi Kurbanov para conquistar o título de campeão na categoria pesado.

Apesar de não terem se tornado campeões na categoria, tiveram três de seus representantes entre os oito melhores.

Na categoria meio pesado, Maxim Dedik se torna vice-campeão. Igor Tikov, Darmen Sadvokasov e Magomed Mitsaev se classificam em sexto, sétimo e oitavo lugar, respectivamente.

Rússia no mundial de 2007

Na edição em que fui campeão, que ocorreu no ano de 2007, enfrentei dois russos no terceiro dia de campeonato.

O primeiro foi Nurgamed Mamedov, vencendo por decisão, e na semi-final, Darmen Sadvokasov.

A equipe da Rússia conquistou o quarto e o quinto lugares, com Darmen em quarto, e Andrey Stepin em quinto lugar.

Enfrentando os russos no meu último mundial

Em 2011 fiz minha última participação em um mundial de karate kyokushin.

No evento, fiz um total de oito lutas, contando com a final.

Para ser sincero, não me lembro exatamente os nomes dos meus adversários nas primeiras lutas. Porém, nesta edição, enfrentei um total de cinco russos.

No terceiro dia de luta, venci Ilya Karpenko e Dmitri Lunev por decisão dos juízes, e acabei em segundo lugar, fazendo a final com Tariel Nikoleishvili.

O saldo da equipe russa neste campeonato foi:

Tariel Nikoleishvili em primeiro lugar;

Goderzi Kapanaze em terceiro lugar;

Nikolai Davydov em sexto lugar; e

Ilya Karpenko em oitavo lugar.

Se formos considerar Alexander Yemerenko, que na época representava a Ucrânia e hoje luta pela Rússia, são cinco integrantes entre os oito melhores.

A equipe russa atualmente

Apesar de não terem conquistado o primeiro lugar novamente, a Rússia continua revelando novos atletas.

Cada uma das duas últimas edições do mundial aberto, realizadas em 2015 e 2019, contou com a classificação de quatro atletas russos entre os oito melhores, sendo um deles o finalista da edição de 2019, Alexander Yeremenko.

Por ser uma modalidade popular no país, acredito que os atletas sejam reconhecidos e incentivados à sua prática, ao contrário do que ocorre em muitos países.

Minha relação com a equipe russa

Quando não estávamos nos enfrentando, sempre tive uma relação cordial com a equipe russa, considerando a maioria deles meus amigos.

Me considero com sorte de ter competido na época da ascensão desta forte equipe, pois eles contribuíram para que eu treinasse mais duro, e me tornasse um lutador mais completo.

Portanto, deixo aqui meu agradecimento a esses poderosos rivais, que me incentivaram indiretamente a me tornar a minha melhor versão de mim mesmo.

Abaixo, assista ao vídeo que eu fiz sobre o tema no YouTube:

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